O CRESCIMENTO EVANGÉLICO NO BRASIL E SEU IMPACTO SOCIAL
Os dados dos estudos demográficos no Brasil apontam para um crescimento célere dos evangélicos; as estimativas revelam que em menos de oito anos, o número de cristãos evangélicos deve ultrapassar o de católicos.
Mas, qual o impacto que esse dado trará à sociedade brasileira? Para responder a esta e outras perguntas que o tema suscita, a Rádio AD Belém FM conversou com quatro especialistas no dia, 3, durante o ELAD, Encontro de Líderes das Assembleias de Deus, realizado no templo sede das AD Belém em São Paulo, e foi conduzida pelos jornalistas Marcio Melo, Geisel de Paula e Tiago Bertulino.
Os entrevistados foram: o pastor Douglas Roberto de Almeida Baptista, pós-doutorando em Educação, mestre em Ciências das Religiões e Presidente do Conselho de Educação e Cultura da CGADB; o Pr. Valmir Nascimento Milomem Santos, doutorando em Filosofia Política e Social; especialista em Direito Eleitoral e Presidente do Conselho de Educação e Cultura da AD Cuiabá e COMADEMAT (Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado de Mato grosso); o Dr. Jean Marques Regina, mestre em Direito Político e Econômico, especialista em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa; e o Dr. Thiago Rafael Vieira, mestre e doutorando em Direito Político e Econômico e especialista em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa.
O Brasil terá maioria evangélica até 2032
O pastor Douglas Baptista foi categórico ao falar sobre os dados do Censo do IBGE que projeta que em 2032 os evangélicos serão maioria no país, totalizando 39,8% da população:
A pergunta é qual será a qualidade desses evangélicos que nós teremos nas décadas seguintes. Acredito que se nós não tivermos uma formação de caráter cristão, a quantidade não fará tanta diferença no que diz respeito a ética e a moral, que é uma crise que existe no país, então a conscientização evangélica para formação do caráter cristão precisa ser tomada com urgência para que a quantidade seja revestida de qualidade e assim a gente consiga fazer alguma diferença em nossa nação. É o meu parecer”
No que diz respeito a igreja ser alienada quando se trata de política, o pastor Douglas pontuou: “Teve-se a ideia de que a igreja era alienada a essas questões, mas pesquisas recentes acadêmicas mostram que pelo menos as Assembleias de Deus, desde a década de 1930, tem uma participação no espaço público e a partir da redemocratização do país, em 1986, nós estamos ocupando espaços no parlamento em especial e isto tem inquietado setores da sociedade que são secularistas e querem desconstruir a fé cristã tentando inclusive impedir a candidatura de evangélicos a cargos eletivos.”
Outro palestrante que contribuiu com o bate-papo foi o Dr. Thiago Vieira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião. Thiago é um dos idealizadores do Curso Jurídico para Obreiros, e enfatizou sua importância: “O C.J.O. é um curso desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Direito e Religião em parceria com a CGADB e tem como objetivo principal trazer ferramentas para que os pastores, presbíteros e oficiais da igreja possam divulgar o Evangelho de Cristo com segurança. Hoje nós ainda não vivemos numa China, mas nós já encontramos muitos empecilhos no espaço público e existem instrumentos legais para que você retire esses empecilhos da tua frente, para que você possa exercer o seu chamado que é pregar a palavra de Deus.”
Religião e Política
A crescente evangélica no país tem inflamado cada vez mais o debate sobre religião e política. O pastor Valmir Nascimento, Presidente do Conselho de Educação e Cultura da COMADEMAT falou sobre a legitimidade de eventos de conscientização política no espaço religioso:
A igreja não só pode como deve legalmente. A questão é que a vedação na legislação eleitoral quanto a propaganda eleitoral dentro do templo religioso, ou seja, exaltação e pedido de votos para uma determinada candidatura. Mas a igreja pode realizar Encontros, Fóruns e demais Seminários que tratem de conscientização política, ou seja, falar de cidadania, direito ao voto e os perfis de candidatos que a igreja entende mais adequado sem defender o candidato A ou B. É importante até destacar que a legislação, ela proíbe a propaganda eleitoral dentro do templo, não é pelo fato de ser igreja, de ser a disseminação da religião, não é isso. É porque a igreja é um local de acesso ao público em geral como um teatro ou um cinema, somente por essa razão. Se a igreja fala sobre política, numa perspectiva de princípios, de valores a partir daquilo que ela acredita sem mencionar nomes, candidaturas e exaltar determinado candidato, ela está cumprindo a legislação”
Liberdade Religiosa assegurada pela constituição
A entrevista foi concluída com a temática Liberdade Religiosa, assunto que foi abordado pelo Dr. Jean Regina, Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião. “A liberdade religiosa ela não é um direito, ela é um conglomerado de direitos, um feixe de direitos, tem uma expressão em inglês que a gente usa que diz que ela é um cluster, que é aquele aglomerado de direitos. Que direitos são esses? O direito a exercitar, a praticar a crença, a fé religiosa, são direitos fundamentais do ser humano; eles vem antes do estado, eles estão nos principais documentos, dos tratados internacionais sobre direitos humanos do mundo na declaração universal dos direitos humanos que são recebidas pelo brasil e na nossa constituição também, em 1988, quando houve a redemocratização, nossa constituinte fez questão de colocar a liberdade religiosa como fundamental que é o exercício de ter a fé, de poder praticar, ensinar, proteger, dar assistência, de poder inclusive se organizar. Clausula pétrea, artigo quinto, inciso sexto, sétimo e oitavo da constituição do Brasil de 1988. Então liberdade religiosa é esse elemento de poder viver sua crença religiosa, não apenas da casa para dentro, da igreja para dentro, mas na sociedade. A gente só é cidadão se a gente vive a fé na sociedade.”
Pelo contrário. Ela é uma associação inevitável. Você pode ter junção de pessoas para vários fins. Eu preciso ter a divindade, a moralidade e o culto, para caracterizar a religião por isso não tem como desassociar o culto da religião, seja instituída ou não porque eu posso ter religião mesmo não tendo organização religiosa a igreja começa antes do CNPJ. Esse é o grande ponto, quando as pessoas estão reunidas, quando dois ou três estiverem reunidos em nome do senhor, ali Ele está no meio deles, ali há igreja
Se você deseja saber mais informações sobre o Curso Jurídico para Obreiros, mande uma mensagem para o WhatsApp 55 9 9312-1314.